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Menina Negra Conversando Com A Mãe

Empoderamento de meninas: como educar uma nova geração

Educar filhos e filhas com base no empoderamento de meninas pode ser desafiador — mas necessário. Desafiador, porque é preciso que os próprios pais transformem os seus pensamentos e comportamentos para garantir bons exemplos aos filhos, e também porque não é fácil criar mulheres em uma sociedade que ainda tem muito a avançar em diversas esferas sociais. 

A educação que vem por parte da família é um divisor de águas: ela tanto pode ser machista e oprimir o desenvolvimento e autoestima das meninas, como pode ser libertadora, e permitir que elas se sintam seguras e tenham suas características físicas, emocionais e intelectuais respeitadas.

 Com as mudanças da sociedade, é cada vez mais necessário transformar a educação e garantir que meninas e meninos estejam preparados para criar um mundo mais igualitário e justo. Neste post, vamos abrir espaço para esse diálogo e convidamos você a vir junto, que tal? Boa leitura!

Desigualdade de gênero: por que o empoderamento de meninas importa?

Provavelmente, todas as meninas ao longo da infância e adolescência cresceram com limitações impostas pela família e, claro, baseadas e justificadas com o argumento: “você é menina”.

Se houver na mesma família meninos e meninas, a diferença entre a criação de um e outro é mais visível: geralmente, eles podem sair, ficar na rua até mais tarde, fazer diversas coisas que, para elas, seriam impensáveis. Você já viu essa situação? Esse é um simples exemplo de desigualdade de gênero. 

A desigualdade de gênero é um problema que já acompanha os seres humanos há muitos anos. Por vivermos em sociedades patriarcais, ou seja, um sistema em que homens são sempre a liderança e estão em primeiro lugar, fomos criando uma distinção sobre o que seria “coisa de menina” e “coisa de menino”.

De acordo com a pesquisa “Por ser menina” da Plan Brasil, 65,4% das meninas assumem a tarefa de limpar a casa, contra 11,4% dos meninos. Um exemplo: a arrumação da cama, 81,4% são feitas por elas, enquanto 11,6% por eles. 

Em geral, a mulher está ligada à fragilidade, passividade, emoção e aos trabalhos mais domésticos ou de cuidado com o outro — características que, até hoje, afastam as mulheres de muitos espaços e cargos de poder. 

Já os homens, sempre foram relacionados à liderança, força, inteligência e racionalidade, o que sempre os fez estarem presentes em todos os lugares, seja em universidades ou no mercado de trabalho.

São essas “pequenas” coisas do dia a dia que, com o passar dos anos, fazem as mulheres ficarem inibidas e acreditarem que, de fato, existe um comportamento exclusivo do sexo feminino e que elas não serão capazes de mudar isso, deixando, muitas vezes, diversos sonhos de lado.

Menina segurando caderno
A desigualdade de gênero no Brasil ainda é grande e contribui para que meninas se afastem da escola e da própria infância.

O empoderamento das meninas é fundamental para quebrar a desigualdade de gênero e incentivar mulheres a alcançarem outros cenários, que vão além do doméstico. 

Papel da família na educação

Mas afinal, o que é empoderamento feminino? Em resumo, é o fortalecimento das mulheres para o combate à desigualdade de gênero. 

E como já vimos no tópico anterior, fica claro entender a importância da família para uma educação pautada no empoderamento das meninas. Dentro do mesmo ambiente familiar, é necessário que as regras e os trabalhos sejam igualmente divididos, tanto para filhos quanto para filhas. 

Os meninos precisam, desde pequenos, conscientizar-se que as tarefas domésticas não são exclusivas das meninas, e sim de todos os que moram dentro da casa. 

Educar a partir desse ponto já é um bom começo para que eles não tenham atitudes que sobrecarreguem as mulheres ou de não assumir responsabilidades. 

Os pais e as mães são como espelhos para as crianças e, tudo o que é feito por eles, os pequenos reproduzem. 

Portanto, se dentro de casa uma menina conta com um pai que traz falas machistas, inferioriza a filha ou a mãe e coloca restrições apenas pelo gênero delas, é claro que isso irá resultar em uma mulher menos confiante e, até mesmo, que irá dar continuidade ao mesmo discurso na hora de se referir a outras mulheres. 

Tanto o pai quanto a mãe (ou pais e mães) devem ter atitudes coerentes, ou seja, promover um espaço de igualdade, de respeito, de incentivo, amor e ter policiamento constante sobre as próprias ações e palavras.

Como empoderar meninas?

Após esse rápido panorama sobre o assunto, chegamos à parte de como criar meninas empoderadas. Como já dissemos, pode ser muito desafiador mas, ao mesmo tempo, é ótimo poder pensar que essa educação irá formar mulheres mais independentes, com alta autoestima, confiantes e que irão seguir trajetórias mais focadas no autodesenvolvimento, seja ele pessoal, acadêmico ou profissional. 

Troque antigas expressões por aquelas que geram amor

Algumas expressões já são verdadeiros clichês dentro da vida das mulheres e, desde pequenas, meninas são ensinadas e educadas a partir delas. Frases como “mulher precisa se dar ao devido valor”, “se comporte como uma menina”, “você está gordinha… precisa emagrecer para ficar mais bonita”, “já pode casar”, entre outras, são apenas alguns exemplos de palavras que podem impactar mais do que pensamos. 

A pressão estética e o reforço de estereótipos criados para mulheres podem ser o suficiente para fazer com que meninas desenvolvam problemas de autoestima, especialmente se elas não estão dentro dos padrões esperados. 

Troque expressões ultrapassadas por frases de incentivo, amor e valorização, que não restrinjam o papel de uma mulher na sociedade. 

Não tente oprimir quem ela é

Muitas meninas gostam de praticar esportes, vestir-se com roupas largas e confortáveis ou não se interessam por assuntos como beleza e moda. E está tudo bem! Aceite os interesses e comportamento da sua filha e não a pressione para ser o que ela não é. 

Meninas jogando basquete
A desigualdade de gênero nos esportes é fruto da incapacitação de meninas e da ideia de ser algo masculino.

Além de isso ser válido para a personalidade, é válido para questões de gênero e orientação sexual. Os pais devem respeitar as meninas e adolescentes em relação a isso, e nunca tratar o assunto como um tabu ou como se houvesse um sério problema com elas. 

Independentemente de quem ela será no futuro, ela sempre será sua filha e nada muda isso! Deixe-a livre para construir a própria personalidade e trajetória, e confie sempre na educação que você garantiu a ela.

Mantenha conversas sobre sexualidade — isso não deve ser tabu!

Falar sobre sexualidade pode ser muito embaraçoso para alguns pais, especialmente para aqueles que vieram de uma educação mais rígida onde esse tipo de diálogo não existia. 

Seja por causa da educação rígida, timidez ou religião, tudo isso deve ficar de lado – é fundamental que os pais tenham consciência da importância de trazer esse assunto. 

A educação sexual é essencial para que meninas possam se proteger de abusos sexuais, assédios, infecções e até mesmo de uma gravidez precoce. Dar nomes às coisas, explicar, tirar dúvidas é fundamental. 

Por ser um assunto delicado, é importante que ela ganhe a confiança da mãe e do pai para que sempre possa encontrar um porto seguro, ao invés de sentir medo em compartilhar. 

Quando crianças e adolescentes sentem medo e opressão, a tendência é que eles escondam as coisas, informem-se com outros amigos (que provavelmente têm o mesmo nível de conhecimento que eles) e, até mesmo, mintam. Sem dúvidas, esse é o tipo de relacionamento que ninguém quer ter com os filhos, certo?

Incentive-a a correr atrás dos sonhos

Para muitos pais, encontrar um trabalho com uma remuneração confortável, casar, ter filhos e comprar uma casa são as melhores ambições que suas filhas podem ter. A verdade é que elas podem ser e fazer bem mais que isso.

Está tudo bem se ela quiser casar, ter filhos e comprar uma casa, mas antes disso tudo, é importante que ela entenda que existem outras opções, como estudar, viver boas experiências e construir uma carreira profissional que goste.

Sabemos que a vida adulta não é fácil e, quanto mais cedo mulheres casam e têm filhos, mais se afastam dos estudos e da carreira profissional. 

Por isso, é importante incentivar a sua filha a buscar conhecimento, encontrar uma área que goste e ter suas próprias metas e sonhos. Isso fará com que ela seja independente financeiramente, tenha uma estabilidade para fazer outras atividades que goste, como viajar, e não se envolva em relacionamentos em que ela pode ser totalmente dependente do outro — seja emocionalmente ou financeiramente.

Apresente boas referências para ela

As referências e a representatividade importam muito para que mulheres se sintam incentivadas e bem consigo mesmas. 

Menina negra em notebook
Meninas precisam de boas referências para se inspirarem, ocuparem espaços e combaterem a desigualdade de gênero no mercado de trabalho.

Ver outras mulheres ocupando espaços, respeitando o próprio corpo, ganhando prêmios, viajando sozinhas e fazendo atividades que, até então, eram algo distante, é realmente inspirador!

Ofereça livros, filmes e outros tipos de entretenimentos onde mulheres ganham papel de destaque; conte história de grandes personalidades femininas da história; incentive o convívio com outras meninas ao invés de educar para serem rivais. 

Unindo todas essas ações e aplicando-as no dia a dia, você irá cultivar o empoderamento das meninas e fazer com que sua filha se sinta mais confortável para ser a mulher que ela quiser. 

É claro que, além de focar nas meninas, é preciso estar atento aos meninos, como veremos em seguida. 

Como educar meninos para serem diferentes

O empoderamento de meninas não deve ser uma preocupação exclusiva de quem tem filhas: pais e mães de meninos também têm um grande trabalho para fazer aqui. 

É desafiador criar meninos para serem diferentes em um mundo onde o patriarcado é muito forte, entretanto, não é impossível. 

Desde pequeno, é importante ensinar a eles a ter responsabilidade pela casa e a serem incluídos nas organizações e tarefas domésticas. 

Na hora de brincar, é importante que os pais não coloquem limitações sobre os tipos de brinquedo, assim como não façam comentários negativos se ele estiver brincando com as bonecas da irmã, por exemplo. 

Esse tipo de visão é algo criado por adultos e os pequenos não fazem esse tipo de distinção de “brinquedos para meninos” e “brinquedos para meninas” – apenas se forem ensinados.

Ao crescer, ensine o seu filho a ter respeito pelas mulheres, a não fazer julgamentos pelas roupas, a não incapacitar e não colocá-las em situações de constrangimento e violência. 

Pensar em meios de como educar meninas empoderadas e meninos é um trabalho de formiguinha, feito no dia a dia e que requer muito estudo e dedicação por partes dos pais, família e responsáveis, para que as crianças não sejam exemplos incoerentes com a educação. 

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