skip to Main Content
Grupo Composto Por Crianças Diversas

Diversidade e crianças: como abordar o assunto com os filhos

Conversar sobre diversidade com crianças é mais simples do que parece, assim como essencial para educar cidadãos que respeitem a pluralidade e acolham pessoas independentemente da religião, cor, gênero, nacionalidade ou orientação sexual

Entender a importância de respeitar as diferenças é preparar uma educação baseada no respeito, na equidade e preocupada em reduzir a violência entre os diferentes grupos sociais. 

Quando as crianças entendem que está tudo bem não sermos todos iguais, elas aprendem a viver em ambientes diversos e tornam-se adultos mais conscientes em transformar o mundo para que ele seja mais justo. 

Se você quer introduzir esses assuntos na educação dos pequenos, mas ainda não sabe como fazer ou tem medo de passar valores errados, continue a leitura deste artigo e descubra como abrir diálogos sobre diversidade com crianças

Por que conversar sobre diversidade com as crianças?

A sociedade vive em constante transformação. Costumes e crenças que poderiam fazer sentido há um século, hoje, muitos não são mais bem-vindos. Por exemplo, não faz sentido continuar a ver pessoas com deficiência física como incapazes, certo? Entretanto, já houve momentos da história em que famílias escondiam essas pessoas da vida social por vergonha. Atualmente, não dá para imaginar mais isso.

Quando conversamos com crianças sobre a importância de respeitar as diferenças, trabalhamos para evitar diversos tipos de violência como o preconceito, o racismo, a discriminação, a xenofobia, o bullying e o machismo. Portanto, são sementes para criar uma sociedade melhor. 

É na escola que as crianças saem da zona de conforto e começam a ter os primeiros contatos com a diversidade cultural. Dentro de uma sala de aula, podemos ter crianças de diferentes etnias, religiões, nascidos em outros estados, classes sociais distintas, enfim, não se trata mais do ambiente familiar que o seu filho estava acostumado. 

Crianças que são criadas ouvindo piadas e comentários racistas e xenofóbicos, discursos que pregam ódio a algum grupo social e conversas preconceituosas, provavelmente chegarão na escola reproduzindo o mesmo tipo de comportamento. E, claro, isso é o suficiente para gerar desconforto, brigas, constrangimentos e situações de exclusão entre os alunos. 

Pai e filho conversando deitados no tapete
Ensinar o seu filho como lidar com a diversidade cultural na escola é essencial para criar um cidadão que está pronto para conviver em diferentes ambientes.

Já o estudante que é ensinado a pensar e apreciar as diferenças, terá facilidade em interagir, conviver, fazer amizades, trabalhar em grupo tranquilamente com os colegas, entre outros. 

A partir da comparação entre essas duas crianças, conseguimos visualizar quem é a que está pronta para o convívio social e que ainda terá muitos problemas, não é mesmo?

Como ensinar diversidade para crianças

Já dissemos anteriormente que conversar sobre diversidade não é um bicho de sete cabeças, e é verdade! Crianças são dispostas a ouvir, a entender e aprender, portanto, basta ser sincero, escolher as palavras certas e, claro, estudar sobre o tema que você quer conversar, afinal, é preciso evitar passar certas informações erradas que, culturalmente, reproduzimos.

Em seguida, separamos algumas dicas para você aplicar. Vamos conferir.

Seja o exemplo

O primeiro passo para ensinar o respeito à diversidade para crianças começa com você dando o exemplo. Os pequenos imitam e reproduzem tudo o que os pais ou outros responsáveis fazem. Se dentro de casa ela escuta discursos que não respeitam a diversidade religiosa e alimentam, por exemplo, a ideia preconceituosa  que iguala islamitas à terroristas, ela com certeza irá acreditar nisso.

Portanto, é fundamental que você policie suas falas, opiniões e posicionamentos. Questione-se sobre isso, procure ler mais sobre diversidade cultural em fontes de confiança e busque ouvir pessoas. Abrir a sua cabeça para novidades, informações e as mudanças da sociedade é importante para se transformar enquanto ser humano. 

Não adianta você ensinar o seu filho a respeitar as pessoas e, em outro momento, a criança assistir os responsáveis em uma mesa com amigos rindo de piadas preconceituosas. Seja coerente e o exemplo que os pequenos precisam. 

Trate a diversidade como algo natural

Para muitos pais, conversar sobre alguns temas pode ser embaraçoso e, consequentemente, acabará por transformar o diálogo em algo nada natural. Primeiro, você não precisa ter medo de tocar em certos assuntos, sobretudo se eles são necessários. 

Por exemplo, você não precisa se sentir embaraçado ao conversar sobre gênero e orientação sexual com as crianças. Afinal, tudo isso é natural! Se o seu filho, ainda pequeno, pergunta algo sobre o assunto, não mude a conversa: pesquise sobre o tema, explique e tire as dúvidas dele.

Em segundo, não é preciso fazer grande alarde quando for conversar sobre isso. Deixe esses temas surgir de forma natural, promova diálogos a partir de situações do cotidiano, enfim, é importante que a criança sinta que está tudo bem.

Ensine o que é diversidade

Afinal, como definir a diversidade? Você pode simplesmente dizer que é uma palavra para qualificar um grupo composto por diferentes pessoas? De uma forma muito básica, esse conceito até pode servir, entretanto, é importante ir mais a fundo. 

A diversidade é compreender que cada pessoa tem uma história e trajetória de vida, contextos familiares, educacionais, econômicos, religiosos, políticos diferentes, o que promove perspectivas distintas. Portanto, é reconhecer e assumir que cada ser humano é assim.

Crianças diversas tirando selfie
Desde a infância, crianças devem aprender a respeitar a individualidade e compreender que cada pessoa tem a sua própria história de vida.

Claro, falar de política, economia e outros fatores pode ser extremamente complexo para crianças, mas você pode encontrar formas de o fazer com simplicidade e de acordo com a idade em que elas se encontram. 

Por exemplo, é comum encontrarmos crianças de classes sociais mais altas afastando as que são menos favorecidas socioeconomicamente. Isso nem sempre é uma regra, porém, ainda é uma realidade, certo? 

Em uma situação como essa, convém conversar e explicar que uma pessoa em uma situação financeira menor, não é menos do que ninguém, assim como isso não afeta suas capacidades, habilidades e caráter. 

Esse exemplo é uma boa oportunidade para abrir um diálogo sobre as diferenças sociais dentro do país, como isso afeta injustamente pessoas e como atitudes de exclusão podem piorar esse contexto. 

Converse sobre bullying

O bullying, de acordo com a lei nº13.185, é “uma intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação e, ainda ataques físicos, insultos pessoais, comentários sistemáticos e insultos pejorativos, ameaças por quaisquer meios, grafites depreciativos, expressões preconceituosas, isolamento social consciente e premeditado e pilhérias”. 

Como “intimidação sistemática”, a lei explica que ela pode ser:

  • Verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente
  • Moral: difamar, caluniar e disseminar rumores
  • Sexual: assediar, induzir e/ou abusar
  • Social: ignorar, isolar e excluir
  • Psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, manipular, chantagear e infernizar
  • Físico: chutar, socar e bater
  • Material: roubar, furtar e destruir pertences
  • Virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento psicológico e social

O bullying, muitas vezes, começa por ideias preconceituosas e de inferiorizar alguém por sua etnia, gênero, orientação sexual, classe social, entre outros. Conversar sobre essa prática e ensinar que o seu filho não tem qualquer direito — além de ser crime — de ser violento e causar danos psicológicos, físicos e emocionais em alguém, é fundamental. 

Para isso, os pais também devem aceitar que o bullying existe e não devem minimizá-lo como “frescura” e frases do tipo “no meu tempo me chamavam de quatro-olhos e eu eu nunca tive problemas psicológicos”. 

Crianças devem ser ensinadas a não praticar bullying e a denunciar quando verem algum colega ser vítima, ou se ele mesmo sofrer a perseguição.

Converse sobre diversidade religiosa

A diversidade religiosa também deve estar sempre em pauta, especialmente porque moramos em um país onde a religião está presente na vida de muitas pessoas, cujas crenças são variadas. Dentro da escola, o seu filho pode se deparar com praticantes do catolicismo, espiritismo, protestantismo, umbanda, entre outras. Respeitar a escolha e ponto de vista de cada um é o primeiro passo.

Mais uma vez, aqui cabe aos pais ou responsáveis darem o exemplo e, independentemente da sua religião, não promover discursos que diminuam as outras em comparação com a sua, não desrespeitar os ensinamentos e práticas de cada uma, assim como não fazer comentários preconceituosos que insinuam que é uma “crença maligna”. 

Menina islã em escola
A diversidade religiosa deve ser respeitada para evitar preconceitos e violências contra grupos.

Faça o seu filho se questionar

A reflexão e o questionamento também fazem parte do processo de aprendizagem, crescimento e transformação de qualquer ser humano. Dessa forma, é importante que, ainda pequeno, ele tenha esses momentos para pensar no que viu e tirar conclusões. Você também pode ajudá-lo, trazendo alguns pontos como:

  • As características físicas de alguém interferem no caráter, inteligência e capacidade dela?
  • Por uma pessoa ser diferente de você, ela se torna inferior ou uma má pessoa?
  • O que você acha quando as pessoas fazem comentários maldosos a respeito de X coisa? 

Educar crianças para a diversidade deve ser uma prática que acontece dentro de casa e na escola, por meio de diálogos, reflexões, atividades, atitudes e, claro, bons exemplos por parte de pais, responsáveis e outros adultos presentes na rotina. 

Gostou deste conteúdo? Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba dicas práticas e informações sobre educação e desenvolvimento de crianças. Basta preencher os campos abaixo! 

Compartilhe:
Back To Top
×Close search
Buscar